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15 anos, 15 histórias: 2007, Óscares, o Menino do BPI e a Time Out

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2007 foi um ano de mudanças e acho que algumas delas fizeram a diferença no meu percurso. Uma delas foi ter mudado de emprego, ter deixado uma coisa que, supostamente, seria para a vida, por outra incerta mas que me fez muitíssimo mais feliz e que tinha muito mais a ver comigo. Um bocadinho farta do jornalismo (e, sobretudo, dos salários do jornalismo), aceitei um trabalho no departamento de comunicação de um banco. Estava ligada à produção das revistas (a interna e a que enviavam aos clientes), mas o processo de produção era extremamente moroso, burocrático e os temas eram... como dizer... chatos comámerda. Mas depois
... pensava que era um trabalho seguro, que podia entrar para os quadros e ficar lá para a vida, que tinha uma data de regalias por estar num banco (nomeadamente melhores condições se quisesse pedir um crédito habitação). Enfim, tinha 26 anos e estava a pensar como uma avó. Até que me vieram desviar dos meus bons propósitos. Um dia ligaram-me a dizer que ia abrir uma revista nova em Portugal, que gostavam do que eu escrevia no blog e que queriam que eu fosse trabalhar para lá. A revista era a Time Out Lisboa e assim que eu soube mais detalhes do projecto ficou difícil não aceitar, achei que devia dar mais uma hipótese ao jornalismo. Mas foi uma luta até decidir, passei ali um tempo em sofrimento. Olhando para trás, acho que fiz a coisa certa. Verdade que hoje podia ter uma moradia de três andares em Pêro Pinheiro comprada com um spread incrível, mas...

A Time Out (lançada a 26 de Setenbro) foi, de todos os meus trabalhos, aquele onde eu mais gostei de estar. Pelas pessoas, pelo tipo de escrita que podia ter e porque era uma revista cool e diferente de tudo o que havia até então. Aqueles primeiros meses foram uma loucura de trabalho, mas gosto muito de saber que fiz parte daquilo desde o número zero até aos seis ou sete anos seguintes. Foi na Time Out que conheci a pessoa que viria a apresentar-me ao meu homem, por isso acho mesmo que a decisão de mudar de trabalho mudou também, radicalmente, a minha vidinha. Foi na também na Time Out que conheci a Sónia e que lhe deixei os ouvidos em sangue de tanto que insisti para que criasse um blog.

Então e o que é que aconteceu aqui pelo blog? Então, 2007 foi o ano em que o Pipoca atingiu meio milhão de visitas e em que comentei os looks dos Óscares pela primeiríssima vez. Yeaaaaaaaaahhhhhh! Só comentei para aí meia dúzia, mas era o princípio de uma das rubricas mais amadas, porque vocês gostam é de ver isto tudo a arder, não é verdade? Más pessoas, más pessoas! Foi também o ano em que eu decidi levar a cabo um peditório para... ir a Nova Iorque. Sim, era assim o meu grande sonho, não tinha onde cair morta e achei que, assim na loucura, talvez os meus leitores me quisessem ajudar a atravessar o oceano. Acho que consegui juntar para aí 18 euros, a única coisa que consegui atravessar foi o Tejo, de cacilheiro, para ir até Almada. Mas pronto, ficou a intenção.

Há doze anos eu não tinha filtro nenhum, dizia tudo, mas mesmo tudo o que me passava pela cabeça. E divertia-me infinitamente mais. Nesse ano por exemplo, criei a rubrica "Quem não quer pêras não sobe à pereira", em que desafiava rapazes a enviarem as suas fotos e a sujeitarem-se aos meus comentários e aos das outra leitoras. E eles mandavam, mesmo sabendo que iam ser enxovalhados, porque eu não me ensaiava nada em dizer "hmmmm, esquece lá isso, és um pequeno trambolho". Valha-me Deus. Quem não era um trambolho era o Menino do BPI, uma personagem que se tornou conhecida aqui no blog por essa altura. O Menino do BPI era um jovem muito bem apessoado que entrava num anúncio do BPI e que era assim a minha crush. E eis que um belo dia, em 2007, o encontrei no Bairro Alto, estão a imaginar a excitação (e o despropósito) que aquilo foi. O engraçado é que ficámos amigos (Bernardo, se me estás a ler, vai daqui um grande beijinho). E não, nunca houve enrolanço de espécie alguma. Eu achava-o giro de morte, mas era só mesmo isso.

Em termos afectivos, esse também foi um ano de mudanças. Deixei um namorado por outro e, até hoje, ainda não estou segura de que tenha sido uma ideia muito esperta, mas na altura eu achava que sim. E, lá está, era apenas o universo a conspirar para que, no ano seguinte, eu viesse a conhecer senhor meu esposo, por isso tudo está bem quando acaba bem.

Ah, de notar que já em 2007 o preço das casas estava um absurdo. Em Setembro escrevi: "o aluguer de um mísero T1 não fica, nunca, abaixo dos 500. E depois há os móveis, as contas, os imprevistos. E a comida. Gostava de poder continuar a comer. Já nem digo todos os dias, mas dia sim, dia não, vá!". Claro que agora o máximo que se consegue em Lisboa por 500 euros é um quarto partilhado com uma família de refugiados, mas já naquela altura as coisas estavam más. Era impensável sair de casa para ir morar sozinha porque, simplesmente, não ganhava para isso. E o namorado que tinha na altura, em vez de se chegar à frente, só me dizia "pois, tens de arranjar uma amiga para partilhar a casa". Escolhia-os a dedo...

Ficam algumas fotos de 2007, numa altura em que não mostrava a cara aqui no blog:




Jesus...


Com o menino do BPI

Se a colecção de sapatos era má, a de carteiras não lhe ficava atrás.

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