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Channel: A Pipoca Mais Doce
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15 anos, 15 histórias: 2004, como tudo começou

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O blog faz quinze anos daqui a umas semanas. Vou repetir isto muiiiiiiito devagarinho a ver se eu própria me convenço. QUI-ZE-A-NOS. Senhores, como é que isto aconteceu? Ao longo dos próximos dias vou contar aqui  15 histórias relacionadas com o blog, uma por cada ano de vida. Ora então vamos andar para trás no tempo, mais precisamente até Janeiro de 2004, quando isto começou. Em 2004 tinha 23 anos e tinha acabado o curso de Ciências da Comunicação no ano anterior. Tinha escolhido ir estagiar para a rádio, que era o que eu achava que queria fazer na vida mas, ao mesmo tempo, houve a hipótese de ir estagiar para um jornal, A Capital. E eu fui. Porque era nova, porque naquela altura os dias parece que chegavam para tudo, e porque queria experimentar registos diferentes dentro do jornalismo, para ver o que mais gostava. Acabou por surgir a hipótese de fazer um estágio profissional no jornal e era por lá que estava quando, no início de 2004, resolvi criar um blog.

Como é que a ideia me veio à cabecita? Não me lembro muito bem. Sei que
gostava muito de escrever, desde sempre, sei que sentia que no jornal não podia escrever sobre tudo o que quisesse, da forma que quisesse, sei que os blogs estavam a dar os primeiros passos em Portugal. Tudo somado e eu lá devo ter achado que era capaz de ser giro experimentar. Estamos a falar de uma altura em que não havia Facebook, não havia Instagram, não havia praticamente nada. Já não me lembro muito bem, mas acho que era a época do Messenger, do ICQ, do Hi5, do MySpace, mas com um uso muito diferente daqueles que lhes damos hoje em dia. É verdade que havia muito poucos blogs naquela altura, mas também é verdade que era incomparavelmente mais difícil começarmos a ganhar notoriedade.

No meu caso, acho que foi tudo muito orgânico e espontâneo. Ao início escrevia basicamente para mim, não tinha seguidores nenhuns. Aos poucos, começaram a aparecer os amigos. Os que gostavam falavam do blog a outros amigos e assim sucessivamente. E o blog foi crescendo, assim numa espécie de efeito bola de neve. De repente, alguns dos meus textos começaram a circular em chain-letters (vulgo corrente de e-mails). Hoje em dia já ninguém faz isso. Se gostamos de alguma coisa partilhamos no Facebook ou nos nossos grupos de Whatsapp, ninguém envia mails a partilhar nada. E foi quando amigos começaram a enviar-me os meus próprios textos, sem saberem que tinha sido eu a escrevê-los (do género, "vê lá o texto desta miúda, tem piada") que eu percebi que, em calhando, tinha ali uma cena fixe entre as mãos.

O blog não foi criado com nenhum objectivo específico. A única coisa que eu queria era divertir-me a escrever e, quem sabe, divertir os outros. O factor humor esteve sempre, sempre presente. E, claro, há 15 anos e com um blog anónimo, não tinha filtro absolutamente nenhum. Escrevia tudo o que me apetecia, sem estar cá a pensar em quem é que iria ficar chateado, e era muito bom. Quem me seguia e, de uma forma geral, quem estava na internet nesses tempos, também tinha uma atitude completamente diferente. A grande maioria percebia que eram só piadas, que não havia qualquer intenção de prejudicar ninguém, não havia maldade implícita. Claro que também havia quem não me achasse grande piada, mas mesmo essas pessoas manifestavam-se sempre de forma muito cordial. Com o passar do tempo e com a brigada do politicamente correcto cada vez mais activa, perdeu-se muita da espontaneidade. E é impossível recuperá-la. Pelo menos se queremos manter a nossa sanidade mental e não andar a comprar brigas todos os dias.

Então e porque é que o blog se chama "A Pipoca Mais Doce"? Pois, é a pergunta para um milhão. Não me lembro muito bem como é que a ideia surgiu, mas a minha amiga Caty (a que diz kispo, para quem acompanha o blog desde essa altura) e que trabalhava comigo diz que se lembra perfeitamente de eu ter perguntado "e se o blog se chamasse A Pipoca Mais Doce?" (sim, pelos vistos o blog foi criado em horário laboral). Objectivamente falando, é um nome de merda, hoje jamais o escolheria, mas naquela altura achei que tinha graça, que era fácil de memorizar e que ficava no ouvido. Também estava a anos-luz de imaginar que o blog viria a ganhar a dimensão que ganhou. Se soubesse, talvez tivesse pensado num nome mais sóbrio.

E pronto, assim nasceu o Pipoca. E a Pipoca. Uma espécie de personagem sempre altamente irónica, sarcástica, corrosiva, que fazia piadas com tudo e mais alguma coisa, que não tinha nome, que nunca mostrava a cara e que se estava completamente nas tintas para aquilo que os outros pensavam. Bons tempos, meus amigos, bons tempos. O Pipoca é o meu filho mais velho, aquele que já me deu alegrias, chatices, mas que eu amo incondicionalmente. Nunca pensei que me proporcionasse tantas coisas incríveis, nunca pensei que durasse tanto tempo, mas a premissa que esteve na sua criação mantém-se: que dure enquanto me divertir.

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