Apesar de o clube de leitura pipoquiano estar praticamente morto e enterrado, a verdade é que, como é óbvio, não foi isso que me fez abandonar os livros. E como tantas vezes me pedem sugestões de leitura, aqui ficam os três últimos que me passaram pela mesa de cabeceira.
Sou suspeita, porque adoro o John Grisham, o rei do thriller judicial. Já li praticamente tudo o que está traduzido ("Os Litigantes", "A Firma", "A Confissão") e é daqueles livros em que uma pessoa pega e fica alegremente até a ler até às cinco da manhã, sem dar pelo tempo passar. História: um milionário que deixa toda a sua herança à empregada negra, isto num Mississipi ainda profundamente marcado pelo estigma racial.
Foi o melhor livro que li em 2014 (com quase 900 páginas que se estenderam para os primeiros dias de 2015), talvez um dos melhores da vida. Nunca tinha lido nada da Donna Tartt e fiquei absolutamente maravilhada. História: um miúdo que perde a mãe num atentado terrorista num museu em Nova Iorque. Depois é acompanhar a vida daquele miúdo até ser homem, com todas as voltas que a história vai dando.
O primeiro livro de 2015 e o primeiro que li da Alexandra Lucas Coelho. Depois da densidade de "O Pintassilgo", soube-me bem qualquer coisinha para desanuviar, mas tão bem escrito que me deu raiva. Como é que esta mulher me passou ao lado tanto tempo? História: uma cinquentona que decide matar o homem por quem se apaixona (também conhecido por "grande cabrão" ou "filho da puta"). Deixo-vos só um trecho que adorei, para verem como esta senhora tem graça:
"Um dia uma gaja está com quarenta, toda a gente lhe dá trinta, e de repente faz cinquenta. Aí, toda a gente diz que os cinquenta são os novos trinta. Mas como eu sou do Canidelo, concelho de Vila Nova de Gaia, o que digo é, quero o meu pescoço de volta, caralho."