Quando ontem o homem me convenceu a ir ter com ele ao Chiado a meio da tarde, me fez lanchar por lá e depois me arrastou para o cinema, eu não sabia que em minha casa estavam a decorrer altas manobras secretas. Tinha a certezinha que íamos jantar ao Belcanto, que era esse o presente dele para mim, por isso revirei os olhos quando, à saída do cinema, ele me disse que ainda tínhamos de ir a casa para ele trocar de roupa. Que seca, ainda ir a casa, íamos chegar tarde ao restaurante, e ele que nem pensasse que eu ia subir, ficava no carro à espera dele, e mimimimi. Enfim, a resmunguice de sempre. Para me convencer, disse-me que eu tinha mesmo de subir, que o meu presente de aniversário estava em casa e que era uma coisa para eu levar para o jantar. "Mas é o quê? Um vestido? Uns sapatos? Mas então porque é que não me deste mais cedo? Mas diz lá, é o quê?". E mais mimimimimi. Aqui ainda estava eu longe de imaginar o que me esperava. O plano estava a ser bem concretizado (antes de entrarmos no cinema o homem até fez uma chamada fictícia a dizer que queria mudar a reserva porque estávamos atrasados). Mas depois começaram as falhas. Quando meti a chave à porta reparei logo
que não tinha ficado trancada. E o alarme também não estava ligado. O homem ainda tentou argumentar que devia ter sido a Dona D. a esquecer-se, mas não me pareceu credível, que ela está mais do que instruída para trancar a porta e ligar o alarme. Depois, cheirava imenso a comida. E quando fui à cozinha deixar umas coisas, vi o forno ligado e travessas de comida na bancada. Aqui ainda pensei que o homem tinha arranjado alguém para nos fazer o jantar, mas quando ele insistiu que eu fosse à sala abrir o meu presente, comecei a ficar com os nervos em franja. E a perguntar porque é que se estavam a passar coisas esquisitas. E pronto, quando entrei na sala às escuras, ouvi um enorme "SURPRESAAAAAAAAAAAAAAAAA!" e quando alguém ligou a luz tinha uns 20 amigos à minha espera, com cartazes (a foto de cima é a minha cara de surpreendida). Ia tendo um enfarte, mas foi a melhor surpresa de sempre. Acabei o meu dia de anos com um jantar maravilhoso, com quase todos os meus amigos e gargalhadas daquelas que fazem doer a barriga. E presentes. Adorei tudo, mas houve três que me tocaram mais fundinho no coração. Um convite ultra-mega-hiper-especial, um livro antigo da Anita e um quadro de incentivo para correr a Maratona (ainda mais especial porque em vez de 42,1km enganaram-se e escreveram 44,2, maravilhoso). Toda uma pressão que estão a pôr nesta Maratona. Enfim, foi bonita a festa. E até parece que assim custou menos entrar nos 34.↧