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Channel: A Pipoca Mais Doce
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Ai a loiça!

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Nos filmes de terror as pessoas são sempre muito destemidas e, convenhamos, sem grande amor à vida. Vivem em casarões de sete andares, mas se em noites de tempestade ouvem um ruído na cave aí vêm elas (sempre às escuras, claro), a gritar "está aí alguéeeeem?". Como se o meliante fosse dizer "sim, sim, estou aqui, vim para a fazer às postas". Enfim. Ontem dei por mim a perceber que eu sou uma dessas pessoas que, perante o perigo, não viram costas e se põem a milhas enquanto podem. Pessoas também conhecidas por "burras".  Pois que para aí à uma da manhã o homem foi à rua passear o Manolo e eu estava no quarto com o Mateus ao colo, a ver se lhe passava a rabugice. De repente, ouvi um monte de vidros a partirem-se, uma barulheira assim dos diabos. Pensei "pronto, partiram-nos a janela da cozinha e já tenho um ladrão dentro de casa". Era nesta altura que eu podia ter pensado em atirar-me para debaixo da cama, ligar à polícia ou qualquer coisa assim gira, mas não. Com duas crianças em casa, achei que tinha de agir. Pus o Mateus no berço e lá fui eu em direcção à cozinha, sem pensar muito bem no que é que ia fazer. Assim que abri a porta, percebi que não era um ladrão de faca em riste pronto a mandar-me desta para melhor. Uma das prateleiras do armário da cozinha cedeu e, com ela, veio a loiça toda para o chão. TO-DO o chão estava coberto de cacos, de uma ponta à outra. Fiquei a olhar para aquilo feita parva, nem sabia para onde me virar. A vassoura e a pá estavam guardadas na casa-de-banho, na outraaaaaa ponta da cozinha, por isso tive de atravessar aquele mar de cacos, em havaianas, a rezar a todos os santinhos para não me espetar toda. E depois foi começar a varrer e a atirar tudo para um saco. Cheira-me que dentro de 12 anos ainda encontraremos os restos mortais daquilo que, em tempos, foi a nossa loiça. Não sobrou uma taça (e agora, onde é que vou comer Chocapic???), não sobrou nenhum daqueles "coisinhos" para pôr o molho de soja, não sobraram pratos de sobremesa, não sobrou a minha rica jarra de flores que estava a secar no lava-loiças, e não sobraram várias outras coisas que, infelizmente, não consegui identificar, tamanha a destruição (vamos ter de recorrer a testes de ADN). O que também não ia sobrando era o meu coração, com o susto que apanhei. Enquanto procedia à remoção dos destroços tive um pequeno ataque de pânico e só conseguia dizer "partiu-se tudo, partiu-se tudo". Enfim, foi uma cena digna de se ver. Mas pronto, não temos loiça mas ao menos não fomos assaltados. Há que ver sempre as coisas em perspectiva, não é verdade?

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