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Channel: A Pipoca Mais Doce
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Os 50 são os novos 30

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A minha tia ficou viúva há uns meses. Ontem, num almoço de família, ficámos a saber que se inscreveu nas danças de salão e que anda agora a dançar salsa e samba com um jovem de 20 anos. Rebolámos a rir, claro. Disse-lhe que esperava vê-la no próximo Carnaval de Ovar, com uma daquelas mini-mini-mini saia de franjinhas e o resto do corpo em body painting, enquanto abanava o rabo debaixo de uma chuva torrencial. E aproveitámos a festa de encerramento do Mundial para lhe dizer "tia, põe os olhos na Shakira, não queremos menos do que isto!". De relembrar que a minha tia tem 50 e tal anos, o que torna a coisa toda ainda mais divertida. Muitas e muitas piadas à parte (que nesta família são o prato forte), acho óptimo que alguém se dedique a retomar a vida e que vá fazer coisas. Dançar, aprender a andar de bicicleta, estudar uma nova língua, fazer um curso de culinária, o que for. Aos 50 anos uma pessoa está longe de ser idosa e acho admirável que encontre curiosidade dentro de si para se dedicar a coisas novas. Sobretudo quando a vida lhe foi um bocado madrasta. Daqui a 20 anos espero querer continuar a ter interesse pelo que me rodeia. Tenho medo de ficar parada no tempo, de me transformar numa velha do Restelo que acha tudo demasiado moderno e desnecessário, de passar a vida a dizer coisas começadas por "no meu tempo". Tenho medo de ficar amarga, acho que é isso. Enfim, vou imprimir este texto e guardá-lo bem guardadinho, para me lembrar dele daqui a duas décadas, quando tiver uma amiga a querer arrancar-me para as aulas de kuduro e eu lhe disser que já estou velha para isso. Até lá... bem, até lá vou acompanhado a nova carreira de dançarina da minha tia, que ainda nos arrancará muitas e boas gargalhadas (e incentivos também, pois claro!).

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