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Channel: A Pipoca Mais Doce
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Mati report

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A culpa foi minha. Sempre disse que já não havia surpresa nos partos, que já não havia aquela coisa de rebentarem as águas e vamos embora a correr para a maternidade. Ah, que inocente! Foi mesmo assim que aconteceu. Tive direito ao filme todo. A cesariana do Mateus estava marcada para 15 de Agosto, por isso andava descansadinha da minha vida. Faltava um mês, o tempo perfeito para tratar dos últimos detalhes e para ainda ir uma ou duas semaninhas de férias. Ah ah! O miúdo trocou-nos as voltas todas, achou que devia ter vontade própria e lá veio ele, às 34 semanas e cinco dias. De manhã tive uma reunião, depois apanhei o metro para ir ao Chiado, depois apanhei o metro para ir ter com o homem ao trabalho, fomos almoçar um hamburger à Expo, voltei para casa, vi televisão e foi ao acordar da sesta que a coisa se deu. Comecei a sentir um líquido a sair e pensei "naaaaaaaa, não pode ser". Não tinha bem a certeza do que é que estava a acontecer. Lembro-me de dar por mim a pensar "tu queres ver que estou tão gorda que já faço xixi sem dar por isso?". Aliás, foi mesmo assim que dei a notícia ao homem.  Na minha tranquilidade, enviei-lhe uma mensagem a dizer "ou estou incontinente ou rebentaram-me as águas". Claro que ele ficou em pânico. Começou a ligar-me vezes sem conta, mas nessa altura já eu estava ao telefone com a minha enfermeira querida do Espaço Cegonha a tentar perceber o que é que se estava ali a passar. E o que se estava a passar era, efectivamente, um rebentamento de águas. Aliás, passados uns minutos já não havia margem para dúvidas, tamanho o dilúvio. Olhando agora para trás, é estranho pensar como é que não entrei em histeria, mas não, estava mesmo na paz do senhor. A mala do Mateus já estava pronta há alguns dias, por isso agarrei num saco e comecei a atirar lá para dentro algumas coisas para mim (camisas de dormir, escova de dentes, etc e tal). Pelo meio, liguei à minha médica a dizer que me tinham rebentado as águas e que estava a caminho do Hospital da Luz, onde era suposto o miúdo nascer. Disse-me para mudar os planos, que ele ia nascer prematuro e era melhor ir para um hospital público. E foi assim que, quando o homem chegou a casa, nos pusemos a caminho do Hospital de Cascais, onde a minha médica trabalha. Uma pessoa tinha imaginado uma entrada em hospital um bocadinho diferente: super grávida, tranquila, enfiada numa roupinha gira,  com tudo programado, horas marcadas. Pois. Entrei completamente ensopada (os meus calções de ganga davam para torcer), meio enrolada numa toalha, com água a escorrer por todo o lado, a andar feita uma anormal e a tentar perceber para onde é que tinha de ir. Fui para a triagem da urgência obstetrícia e, basicamente, o meu aspecto falava por mim. Dali até ao parto foi um instantinho: fazer um CTG, fazer uma ecografia só mesmo para confirmar que o miúdo continuava sentado e, por isso mesmo, a precisar de uma cesariana, tomar um duche, ir para o bloco, epidural e... já cá está fora! Entre rebentarem as águas e nascer foram umas três horas, se tanto. Nem uma contracção, nem uma dor, nada. Pelo meio fiquei a saber que o pai (que tinha voltado a casa para ir buscar o kit das células estaminais) não podia assistir à cesariana e acho que foi a primeira vez que balancei. Não estava mesmo à espera. Mas a equipa da sala de partos foi absolutamente impecável e não me deixou sentir sozinha.  A minha médica, que já tinha saído do hospital nesse dia,  voltou para fazer a cesariana (obrigada, obrigada, obrigada) e correu tudo super bem. O Mateus nasceu às 22:39 de dia 16 de Julho. Pequenino (a primeira coisa que ouvi foi "tem aqui um Nenuco!!!"), amoroso e, basicamente, um grande querido. Ficámos quatro dias na maternidade e só sábado nos deram alta.

Aos poucos, a rotina vai-se instalando cá em casa. Ainda não está tudo afinado, ainda nos estamos a habituar ao novo membro da família e aos seus horários, ainda estou a recuperar da cesariana mas... vê-lo ali a espreguiçar-se é só assim a coisa mais espectacular da vida. Estou a tentar não o estrafegar com beijinhos e abraços. Não é fácil.


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