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Channel: A Pipoca Mais Doce
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Viver todos os dias cansa

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Ando arreliada com isto da falta de tempo, dos dias que parece que não chegam para nada. Acordo cada vez mais cedo (obrigada, meu rico filho), continuo a deitar-me tardíssimo, não paro um segundo, e mesmo assim tenho sempre, sempre, sempre coisas em falta. São os 90261 mails que não consigo responder, são os meus livros que não estão a andar ao ritmo que queria, é a casa que está o caos,  são os 300 projectos nos quais me quero meter, é o Mateus que precisa de tempo de qualidade, são as corridas e as idas ao ginásio, são as consultas que tenho por marcar, é a papelada toda para organizar (o IRS está aí), são os livros e revistas e séries que se acumulam, é a tentativa de encaixar uma horinha para as unhas... vou apontando na agenda tudo o que tenho para fazer e cada vez que consigo riscar alguma coisa até elevo os bracinhos ao céu, mas por mais que vá despachando a lista não para de crescer. Ou os dias encurtaram ou sou eu que estou a tentar fazer muito mais do que aquilo que consigo. E depois é aquela sensação de que parece que estou sempre a fazer a opção errada. Se estou sentada a escrever sinto que devia estar antes a fazer uma máquina de loiça. Se vou ao ginásio penso que devia era estar ao computador. Se fico a arrumar a cozinha penso que devia era aproveitar e ir buscar o Mateus mais cedo. E é isto o dia todo, todos os dias. E depois vou para a cama e lembro-me que ainda me falta fazer mais isto, e aquilo, e ainda não sei o quê, e começo a ficar com os nervos esfrangalhados. E questiono-me se é suposto isto ser assim, esta sangria desatada, e para quê. Não sei se me aguentaria por lá muito tempo, mas para já, para já queria mesmo era mudar-me para o campo, para o Mateus andar à vontade, para o Manolo andar à vontade, para nós andarmos à vontade. Irra, que viver todos os dias cansa, já dizia o Pedro Paixão.

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