Quando eu criei o blog o Blogspot era uma plataforma tão rústica que, basicamente, só dava mesmo para escrever. Não havia cá a hipótese de eu publicar fotos ou de os leitores poderem deixarem comentários. O que - sei agora - não era necessariamente mau. Mas eu queria saber o que as pessoas pensavam, por isso instalei uma aplicação para que fosse possível comentar. Nessa altura a forma como as pessoas estavam na internet era muito diferente da forma como estão hoje. Ainda não havia os chamados trolls. Mesmo quem não concordava com aquilo que eu escrevia, manifestava-se de forma cordial, sem ser acometida daqueles desvarios mentais que baixam em muito boa gente que anda por aí. Ora foi em 2010 que eu percebi que
as coisas estavam a mudar. Provavelmente, porque coincidiu também com a altura em que o blog começou a ficar mais conhecido e isso, regra geral, provoca sempre alguma urticária. E foi por isso que criei uma das rubricas mais famosas, o "Blog Meu, Blog Meu, haverá comentador mais parvo do que o meu?", em que respondia a comentários de trolls. As acusações eram quase sempre as mesmas: que eu era fútil, que eu tinha a mania, que eu tinha arranjado um namorado rico (ah ah ah), que eu só trabalhava porque tinha cunhas, e mimimimi. Foi também por essa altura que começaram a aparecer os primeiros indignados, pessoas que se sentiam melindradas com TUDO o que eu escrevia, que conseguiam arranjar problemas em cada frase, o que também fez com que fosse ficando mais comedida. Porque não me apetecia estar sempre a aturar gente chata.Em 2010 o blog fez seis anos e escrevi: "acho que olho para este espaço mais ou menos como uma mãe olha para um filho. Já me ajudou em muitas alturas. Abriu-me portas. Deu-me um livro. E mais oportunidades para a escrita. Fiz amigos para a vida. Descobri que há gente maquiavélica como nos filmes. Já me apeteceu mandar tudo à fava. Muitas vezes. Mas depois penso sempre que as coisas boas sempre foram mais, muitas mais, do que as coisas más. Gosto de ver a reacção das pessoas. De ver o que as comove, o que as irrita, o que as diverte. O que causa divergência e discussão útil. Gosto da crítica construtiva. Gosto de fazer delete aos comentários que trazem carimbado o selo da estupidez, da intolerância, da parvoíce e da tão comum incapacidade para perceber o humor ou a ironia. Há seis anos que gosto de aqui vir. E espero que vocês também". É engraçado, nove anos depois acho que penso mais ou menos o mesmo.
2010 foi um ano marcado pelos preparativos do casamento, que viria a acontecer em Setembro. E foi depois do casamento que mostrei a minha cara pela primeira vez. Sabia que havia tanta gente que gostava de me ler que senti que publicar uma foto do casamento podia ser a minha forma de lhes agradecer. Uns tempos antes tinha escrito um texto a explicar porque é que nunca mostrava a cara. E não era por nenhum motivo em especial. Não queria ficar anónima para sempre, mas queria que as pessoas me lessem por aquilo que eu escrevia e não pelo meu aspecto físico, não queria que isso condicionasse a forma como me "viam". E assim aguentei o blog seis anos, sem uma única foto.
Nesse ano o blog chegou às dez milhões de visitas e às mais de dez mil visitas diárias. E eu senti, pela primeira vez, que ter um trabalho a tempo inteiro me impedia de me dedicar ao blog a tempo inteiro. Foi quando comecei a pensar que talvez devesse largar tudo e investir exclusivamente no blog, mas demorei muiiiiiiiito tempo até tomar essa decisão.
Ficam algumas fotos:
Mais um ano de Benfica campeão
No porto palafítico da Carrasqueira
Na Luz
Na despedida de solteira
E cá está ela, a primeira foto minha aqui no blog
No dia seguinte ao casamento houve um Benfica-Sporting na Luz e lá fomos nós, vestidos de noivos.
Lua-de-mel na Índia
No Rio de Janeiro