Lancei o desafio no Instagram: pus dois temas à escolha e pedi que votassem naquele que queriam ver no blog. É uma coisa que vou fazer com frequência, assim uma espécie de Agora Escolha mas com um penteado melhor do que o da Vera Roquette. Para começar, pedi que escolhessem entre os meus defeitos e as minhas qualidades. E claro que vocês, pessoas que estão sempre desejosas de ver o circo pegar fogo, escolheram os meus defeitos, mas assim em larga maioria. Ou isso ou acham que não tenham virtudes, também é uma forte possibilidade. Mas pronto, estava eu aqui disposta a discorrer sobre as minhas nobres qualidades e vocês trocaram-me as voltas. Sacanas. Então vamos lá. Prometo que vou tentar não entrar naquelas coisas muito bonitas, mentirosas e batidíssimas que se contam nas entrevistas de emprego, do género "o meu maior defeito é ser perfeccionista, não descanso enquanto não tenho tudo pronto e verificado ao mais ínfimo detalhe". Deixem-se de merdas, isso é um auto-elogio, não é um defeito. Defeito é tirar (e comer) macacos do nariz. Bom, cá vai disto:
1- Sou a pessoa mais impaciente que conheço. A sério, à mínima contrariedade já eu
estou a refilar e/ou a revirar os olhos. É uma coisa que tento trabalhar, mas juro que me é muito difícil. E vai piorando com a idade, os níveis de paciência descem drasticamente. A minha impaciência vem muito ao de cima quando tenho de lidar com a burrice alheia. Sabem aquelas coisas que para vocês são óbvias e os outros levam uma hora a atingir? Até se me treme uma vista com o nervoso. Jamais poderia ser professora, assim que um puto errasse uma conta ou desse um erro tenho para mim que largava aos berros: "COMO ASSIM TEM SEIS ANOS E NÃO SABES FAZER CONTAS DE DIVIDIR COM 27 NÚMEROS?????? ÉS BURRO? HÃ? ÉS BURRINHO?". Não dava. A minha impaciência manifesta-se muitoooo facilmente, várias vezes por dia, o que pode ser facilmente confundido com mau feitio. Pronto, ok, também tenho mau feitio e acho mesmo que vou transformar numa daquelas velhas amargas e que estão sempre do contra. É para isso que estou a caminhar, mas ao menos fica já tudo avisado.2- Sou preguiçosa. Pronto, é uma tristeza, mas sou. Porém, em minha defesa, devo dizer que a minha preguiça oscila com momentos de hiperactividade, por isso acho que uma coisa acaba por compensar a outra. Passo a vida a procrastinar e depois lá ando eu a fazer tudo a correr. Costumo dizer que funciono muito melhor sob pressão, mas é o chamado "que remédio". Quando já não sobra tempo que remédio tenho eu se não fazer tudo sob pressão. E, claro, odeio, e digo sempre que vou mudar, e que vou fazer as coisas com mais tempo e mimimimi, mas depois lá dou por mim a voltar ao mesmo erro. Mas juro que ando a tentar mudar isso. Juro mesmo.
3- Sou super nojinhas. Não sei se isto é exactamente um defeito, mas é uma coisa que me complica a vida. Exemplo: há uns dias estava num restaurante, encontrei uma cena estranha no prato e comecei a cismar que era uma barata minúscula. Parecia-me ver as patinhas, as antenas, todas as partes do bicho. O homem dizia que não, que eu estava doida, que era uma alga, mas esqueçam, já não voltei a tocar no prato. Efectivamente, não devia ser uma barata, mas a partir do momento em que essa imagem entrou na minha cabecita já não havia maneira de a tirar de lá. E isto acontece-me muiiiiiito. Também sou nojinhas com outras coisas, tipo tocar em corrimões, portas e torneiras de casas de banho, varões de transportes públicos (quantas vezes não arrisquei ficar sem os dentes da frente só para não ter de me agarrar?), botões de elevador, etc, etc, etc. Não há aqui nenhum transtorno obsessivo-compulsivo, mas já estive mais longe.
4- Padeço de excesso de sarcasmo. É uma característica que, pessoalmente, me agrada, mas acredito que para quem tem de lidar comigo se torna particularmente cansativo. E, muitas vezes, sucede que não entendem o meu sarcasmo e pensam que estou só a ser desagradável ou, lá está, a ter mau feitio. Não estou, para aí em 93% dos casos estou só mesmo a gozar. Mas, lá está, percebo que seja chato ter de estar sempre a levar com a minha acidez.
5- Sou desligada. Já levei grandes raspanetes de amigas à conta disto. Assumo que as pessoas sabem que gosto delas, que estou aqui para o que der e vier, e acabo por não o dizer com tanta frequência como se calhar deveria. Esqueço-me de aniversários, não envio mensagens de feliz Natal, sou muito pouco dada a abraços e a manifestações físicas de afecto, não vou a correr levar canja a uma amiga constipada... enfim, é o que temos.
6- Sou super coscuvilheira. Adoro uma boa intriga, um boa escandaleira, uma boa fofoca. A minha vida não pára por causa disso, atenção, mas gosto de estar a par dos dramas do social e de encher a cabeça com informação absolutamente inútil. Perguntem-me o nome das 23 irmãs e sobrinhas da Carolina Patrocínio. Eu sei. Perguntem-me o nome de dez ex-namoradas do Cristiano Ronaldo. Eu sei. Perguntem-me com quem é que a Bruna da Casa dos Segredos andou enrolada. Eu sei.
7- Sou má pessoa. Pronto, calma, não pontapeio gatos bebés, não acelero para atropelar velhotas, não prejudico os outros, não sou esse tipo de má pessoa. Mas gozo imenso com pessoas e situações. Antes gozava aqui no blog, agora não posso, porque somos todos politicamente correctos, então tem de ser em privado. No dia 1 de Janeiro perguntava às minhas amigas quando é que já era aceitável começar a gozar com pessoas porque, supostamente, no início do ano há sempre aquele período de nojo em que todos tentamos ser melhores. Eu sou fraca, só aguentei até para aí às três da tarde.
Pronto, acho que é isto. Em calhando, também não são defeitos assim tãaaaaaao graves. Em calhando também não estou a contar as coisas assim mais negras, mas azar, vão ter de se contentar com isto. E já não é muito. E já não é pouco. É bastante.