Quantcast
Channel: A Pipoca Mais Doce
Viewing all articles
Browse latest Browse all 3559

Ocean's 8: porque os diamantes são os melhores amigos da mulher

$
0
0


Cinco anos, oito meses, doze dias. Foi este o tempo que Debbie Ocean (Sandra Bullock) esteve na prisão e foi também o tempo que precisou para afinar os detalhes de um crime perfeito: roubar o Toussaint, um icónico colar guardado nas profundezas dos cofres da Cartier. Uma pecinha singela, composta por quase três quilos de diamantes e um valor estimado de 150 milhões de dólares. Missão? Surripiá-lo do pescoço da super actriz Daphne Kluger (Anne Hathaway) durante um dos eventos mais mediáticos (e controlados) do mundo: a Gala do MET.

Como grandes planos precisam de grandes equipas, e como os diamantes são os melhores amigos das mulheres, Ocean escolhe a dedo uma equipa exclusivamente feminina, com especialistas nas mais variadas áreas. Não falta uma hacker (Rihanna), uma joalheira (Mindy Kaling), uma estilista (Helena Bonham Carter), uma ilusionista (Awkafina, que aprendeu alguns truques com o premiado mágico português Hélder Guimarães) ou uma perita em contrabando (Sarah Paulson). E, claro, a sua parceira de crime, Lou (interpretada pela gira da Cate Blanchett). Com o contributo de cada uma, vão seguir à riscar um plano traçado ao milímetro.

Muito resumidamente, é esta a história de Ocean's 8, o filme que estreia amanhã, dia 21, nos cinemas nacionais. A ideia não é nova e, como se percebe pelo nome, vem dos irmãos mais velhos, os filmes Ocean's 11, Ocean's 12 e Ocean's 13. Em todos eles é planeado um golpe épico e o Ocean's 8 não é excepção. Aliás, a personagem da Sandra Bullock é irmã da personagem que George Clooney desempenhou nos outros Ocean's, a provar que aquela família nasceu para a trafulhice. A grande diferença está em quem concretiza os golpes: enquanto nos outros Ocean's temos  equipas quase exclusivamente masculinas e nomes como (os fofinhos) George Clooney, Brad Pitt ou Matt Damon, aqui quem manda são as mulheres. Que, acho eu, parecem conseguir divertir-se muito mais a delinear um assalto de milhões. Ou, pelo menos, fazê-lo com mais classe

O filme pisca, assumidamente,  o olho ao público feminino. É por isso que o objecto de desejo é um colar da Cartier (que é toda uma obra prima), é por isso que grande parte da acção se desenrola na Gala do MET, é por isso que a Vogue é metida ao barulho, é por isso que há vestidos de uma pessoa cair para o lado. Mas depois há também o lado "girl power", com um grupo de mulheres absolutamente versáteis, dos mais variados backgrounds, que se movem nas mais variadas áreas e que provam que, juntas, conseguem mover montanhas. Claro que é um filme, claro que, idealmente, não queremos mulheres (nem ninguém) a planear assaltos (por mais magistrais que sejam), mas a mensagem de "empoderamento" está lá. Pela minha parte, senti falta de botar uns olhos em cima de um Clooneyzinho ou de um Brad Pitt, mas pronto, as moças também são bastante jeitosas e, ainda que na ficção, é bom que se contrarie a tese de que as mulheres não sabem trabalhar em conjunto. Quem disse?

Pelo meio ainda há espaço para algumas surpresas, como uma participação super divertida do James Cordon (que eu amo de paixão) ou os cameos da Anna Wintour, Heidi Klum ou Serena Williams. Se levarmos a coisa demasiado à letra, percebemos que há ali muita margem para falhanço naquele plano. Era preciso uma graaaaaaaaande dose de sorte e engenho para aquilo correr de forma tão afinadinha e sem falhas, mas a ficção é assim. Por isso, o melhor mesmo é focarmo-nos noutras coisas, como termos ali à mão de semear uma data de actrizes incríveis, um guarda-roupa de babar (foi a própria Anna Wintour que escolheu os designers que vestiriam cada uma das personagens nas cenas da gala), um vislumbre do interior de uma gala do MET ou uma banda sonora bem boa.

Ah, a antes que se ponham com ideias de tentar gamar o Toussaint, fiquem sabendo que o colar foi desenhado pela Cartier especialmente para o filme, inspirado num outro que Jacques Cartier ofereceu a uma marajá indiano em 1931. Ora como esse colar já não existe e como até para a Cartier era demasiado caro reproduzi-lo em diamantes verdadeiros (pela quantidade e pelo tamanho das pedras), foi feita uma reprodução em zircónio, com base em fotos e esboços de arquivo. Mesmo assim, é coisinha para ainda custar uma pequena fortuna e podem espreitá-lo na Cartier de Nova Iorque. Espreitá-lo, não roubá-lo!

Viewing all articles
Browse latest Browse all 3559