A propósito de um dos meus últimos posts sobre gravidez, deixaram-me o seguinte comentário:
Ahhhh, este é daqueles mesmo como eu gosto. Mete preconceito, mete maldade, mete teorias da conspiração, mete delírio, são 450 episódios de uma novela mexicana condensados num só comentário. A parte boa é que traz à baila um tema pertinente: os filhos seguram casamentos?
Para começo de conversa, este comentário deve ter sido produzido pela mesma autora de um outro, deixado há umas semanas, e que dizia que eu era "psicologicamente dependente" do meu marido. Faz sentido, vem na mesma linha. Uma pessoa que acha que eu dependo de um homem (psicologicamente ou a qualquer outro nível), também deve achar que eu sou a "típica mulher que". Neste caso, a mulher que "dá o golpe da barriga" (expressão tão bonita) para segurar um homem. Porque esse, já se sabe, é o propósito máximo de qualquer mulher. Queremos lá saber de ser bem sucedidas profissionalmente, de viajar, de ter amigos, do que seja. Nós vivemos para manter um homem ao nosso lado, que sem eles somos umas anémonas desprovidas de vontade, sentido crítico, interesses ou espírito de iniciativa.
Não consigo explicar o quão retrógrada/saloia acho esta ideia de "dar o golpe da barriga para segurar o marido". Menos ainda consigo entender que alguém, no seu perfeito juízo, ache mesmo que isto é uma coisa que funciona na vidinha real, um plano infalível para prolongar uma relação até à eternidade. Mas, tenho novidades fresquinhas, não vai acontecer. Se a relação já estiver mais para lá do que para cá, pode acontecer uma de duas coisas:
1) Na melhor das hipóteses, continua igualmente má;
2) Na pior das hipóteses, descamba de vez.
O nascimento de uma criança é uma coisa assim a atirar para o avassalador. Também é uma coisa bonita, claro, mas acreditem que faz muito pouco pela sanidade mental de um casal. De repente, e sobretudo ali no início, fica tudo um caos, há um ser que depende de nós a todo o instante, não sobra tempo para nada, mal nos lembramos do nosso nome, as hormonas fodem-nos o sistema nervoso, dorme-se mal... é um cocktail explosivo que pode fazer com que, de repente, ande tudo aos berros lá em casa. São as acusações de um que faz mais do que o outro, é o pontapé nas costas a meio da noite quando o puto larga a berrar ("vai lá tu agora!"), é o "isto são horas de chegar a casa?? PASSEI O DIA TODO A OUVI-LO CHORAR, ESTIVE QUASE A ATIRÁ-LO DA JANELA!!!!", é a paciência que está sempre por um fio.
Se isto tudo já é uma prova de fogo para um casal com uma relação saudável, imaginem para um que esteja tremido. Pode muito bem ser o início do fim. Para quem acredita que um filho segura um marido, qual é exactamente a base de sustentação desta teoria? Acham que ele não vai deixar a mulher primeiro porque está grávida e depois porque têm uma criancinha para cuidar? Sim, sim, fiem-se nisso, engravidem para manter um namoro/casamento, que é uma ideia espectacular. Conheço homens que deixaram a relação estando elas grávidas e outros que saíram de casa tendo a criança poucos meses. Há de tudo, para todos os gostos. Se as pessoas se sentirem insatisfeitas, vão embora de qualquer maneira. Até podem aguentar ali a gravidez, até podem aguentar os primeiros meses da criança (os homens, alguns, têm aquele sentimento de protecção e sentido de decência), mas não será um filho a fazer com que fiquem. Até porque podem (e devem!) continuar a exercer o seu papel de pais caso se separem, não precisam de um apêndice para nada.
Engravidar "à traição"é assim um golpe mesmo baixo. Uma coisa é um casal decidir, em conjunto, que vai dar esse passo. E aí, sendo uma acção concertada, até pode acontecer as coisas não estarem muito bem e a criança vir ali unir o casal de alguma maneira. Outra é uma mulher decidir isso unilateralmente. É impor a outra pessoa uma responsabilidade e um compromisso para a vida, uma coisa que, legitimamente, ela pode não querer. É forçar uma relação com essa pessoa. A sério que, se fizerem isso, acham mesmo que a outra vai ficar super feliz por saber que vai ter de lidar com vocês para todo o sempre? Ou não acham que lhes vai passar ali uma pequena vontade de vos estrafegar o pescoço? E a sério que estão mesmo dispostas a dar esse passo, trazer uma criança ao mundo, para segurar um homem? Tenham juízo. Mesmo.
Voltando ao meu caso, em específico, e ao comentário deixado, eu ainda conseguia perceber (mais ou menos) a acusação se este fosse o meu primeiro filho, agora... o segundo? Sabendo eu perfeitamente ao que vou? Se bem que quando eu engravidei do Mateus também houve quem deixasse comentários do género, tipo "esta não descansou enquanto não arranjou um filho". Ora bem, tendo em conta que já estávamos juntos há cinco ou seis anos, acho que não fui propriamente rápida. E, depois disso, esperei mais cinco anos para ir ao segundo, por isso não percebo bem o "mal teve oportunidade". Dois filhos em dez anos não é uma média espectacular, não dava lugar de pódio nas Olimpíadas da Fertilidade. Mas já decidi, assim que esta nascer engravido logo do terceiro. Tau, o homem nem vai ter tempo de pestanejar. E vai ser sempre assim, gravidez atrás de gravidez, até lhe passarem as ideias moderninhas de querer sair de casa. Ou então sai, mas leva um rancho de 12 filhos atrás. Quero ver se depois alguém lhe pega.
Repito: os filhos são uma coisa muito boa, mas não salvam casamentos, não unem casais. Muito pelo contrário, aumentam consideravelmente as probabilidades de poder andar tudo ao estalo. E se há coisa que eu sei, por experiência própria, é que nada nesta vidinha é garantido. Com ou sem filhos. De resto, querida anónima, leia menos TV Guias, que vai para aí uma grande confusão nessa cabeça.
Se isto tudo já é uma prova de fogo para um casal com uma relação saudável, imaginem para um que esteja tremido. Pode muito bem ser o início do fim. Para quem acredita que um filho segura um marido, qual é exactamente a base de sustentação desta teoria? Acham que ele não vai deixar a mulher primeiro porque está grávida e depois porque têm uma criancinha para cuidar? Sim, sim, fiem-se nisso, engravidem para manter um namoro/casamento, que é uma ideia espectacular. Conheço homens que deixaram a relação estando elas grávidas e outros que saíram de casa tendo a criança poucos meses. Há de tudo, para todos os gostos. Se as pessoas se sentirem insatisfeitas, vão embora de qualquer maneira. Até podem aguentar ali a gravidez, até podem aguentar os primeiros meses da criança (os homens, alguns, têm aquele sentimento de protecção e sentido de decência), mas não será um filho a fazer com que fiquem. Até porque podem (e devem!) continuar a exercer o seu papel de pais caso se separem, não precisam de um apêndice para nada.
Engravidar "à traição"é assim um golpe mesmo baixo. Uma coisa é um casal decidir, em conjunto, que vai dar esse passo. E aí, sendo uma acção concertada, até pode acontecer as coisas não estarem muito bem e a criança vir ali unir o casal de alguma maneira. Outra é uma mulher decidir isso unilateralmente. É impor a outra pessoa uma responsabilidade e um compromisso para a vida, uma coisa que, legitimamente, ela pode não querer. É forçar uma relação com essa pessoa. A sério que, se fizerem isso, acham mesmo que a outra vai ficar super feliz por saber que vai ter de lidar com vocês para todo o sempre? Ou não acham que lhes vai passar ali uma pequena vontade de vos estrafegar o pescoço? E a sério que estão mesmo dispostas a dar esse passo, trazer uma criança ao mundo, para segurar um homem? Tenham juízo. Mesmo.
Voltando ao meu caso, em específico, e ao comentário deixado, eu ainda conseguia perceber (mais ou menos) a acusação se este fosse o meu primeiro filho, agora... o segundo? Sabendo eu perfeitamente ao que vou? Se bem que quando eu engravidei do Mateus também houve quem deixasse comentários do género, tipo "esta não descansou enquanto não arranjou um filho". Ora bem, tendo em conta que já estávamos juntos há cinco ou seis anos, acho que não fui propriamente rápida. E, depois disso, esperei mais cinco anos para ir ao segundo, por isso não percebo bem o "mal teve oportunidade". Dois filhos em dez anos não é uma média espectacular, não dava lugar de pódio nas Olimpíadas da Fertilidade. Mas já decidi, assim que esta nascer engravido logo do terceiro. Tau, o homem nem vai ter tempo de pestanejar. E vai ser sempre assim, gravidez atrás de gravidez, até lhe passarem as ideias moderninhas de querer sair de casa. Ou então sai, mas leva um rancho de 12 filhos atrás. Quero ver se depois alguém lhe pega.
Repito: os filhos são uma coisa muito boa, mas não salvam casamentos, não unem casais. Muito pelo contrário, aumentam consideravelmente as probabilidades de poder andar tudo ao estalo. E se há coisa que eu sei, por experiência própria, é que nada nesta vidinha é garantido. Com ou sem filhos. De resto, querida anónima, leia menos TV Guias, que vai para aí uma grande confusão nessa cabeça.