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Marraquexe #1: sete coisas a não perder (MESMO!)

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Marraquexe era um destino que estava nos meus planos há muiiiito, muito tempo. De Marrocos só conhecia Saidia - que não é lá grande coisa -, por isso estava a apostar todas as fichas em Marraquexe. A ideia inicial para o fim-de-ano, como já tinha dito, era o Rio de Janeiro, mas depois uma amiga disse-me que ia com um grupo para Marraquexe e, basicamente, colei-me.

Comprei a viagem em Agosto ou Setembro (os voos já estavam carotes, cerca de 400€) e, apesar da enorme vontade de ir, estive até à última a ponderar. Por ter sido a última a marcar, já não consegui ficar no mesmo hotel nem regressar no mesmo voo que o resto do grupo, o que me obrigava a ter de fazer algumas deslocações sozinha e a ficar mais um dia e meio em Marraquexe, sem companhia. Várias pessoas me disseram que era má ideia, que não era uma cidade particularmente segura, mas já tinha tudo pago, não dava para reaver o dinheiro, por isso decidi ir na mesma.


Não me faz grande confusão viajar sozinha, mas claro que há destinos que me deixam mais tranquila do que outros. Marraquexe não estava propriamente no meu top de destinos seguros, mas achei que devia contrariar a desconfiança e ir. E ainda bem que o fiz. Ao longo dos últimos dias recebi vários mails e mensagens precisamente focados no tema "segurança". Muita gente quis saber se era um bom destino para uma mulher ir sozinha, se tinha sentido medo, se andava tranquilamente nas ruas, etc e tal.

Até os meus amigos voltarem para Lisboa andei quase sempre acompanhada e à noite eles faziam questão de me levar ao hotel (que ficava num beco um bocado sinistro), por isso estava tudo bem. Mas depois de eles irem embora fiquei completamente sozinha na cidade, aventurei-me por zonas onde não se avistava um turista e nunca me senti insegura ou em perigo iminente. Mas também não posso dizer que andava completamente descontraída como numa qualquer cidade europeia. Estava atenta, sempre em estado de semi-alerta, pronta para largar a correr caso fosse preciso. Os marroquinos (sobretudo os homens) olham fixamente, metem conversa, são insistentes, estão (quase) sempre a tentar arrancar-nos uns trocos, mas não passa disso. Regra geral, são bastante simpáticos e disponíveis (várias vezes me levaram até um qualquer sítio que eu não conseguia encontrar sem me pedirem nada em troca). Posto isto, a resposta é sim: é um destino seguro, vão sem medos mas não se distraiam (no fundo, como em qualquer outro sítio do mundo).

Para mim Marraquexe foi um verdadeiro caso de "primeiro estranha-se, depois entranha-se". Levei um dia ou dois a tentar captar aquela magia de que toda a gente fala, mas só quando fiquei completamente sozinha e me deixei "perder" na cidade é que percebi o quão incrível é. Tem uma energia única, põe todos os sentidos à prova com mil e um cheiros, sons, cores. Os olhos estão sempre a fugir para todo o lado e claro que fotografei MUITO. Nesta viagem (e porque, lá está, ia com algum receio), optei por não levar a  Canon 5D nem uma panóplia de lentes. Levei a 6D (que também é muito boa) e uma só lente, a 50mm 1.4 (novinha em folha e que estava mortinha por experimentar).

Boooooooom, não sou propriamente o TripAdvisor, mas como me foram fazendo várias perguntas sobre Marraquexe (o que ver, o que fazer, o que comprar, o que comer), nos próximos dias vou deixar aqui algumas dicas. Comecemos por: o que ver. E aqui vão sete sítios imperdíveis.

1- Jardins Majorelle
Se só pudesse escolher um sítio para visitar em Marraquexe, acho que o Jardin Majorelle ganhava com uma larga vantagem. Então, os jardins eram propriedade do pintor francês Jacques Majorelle, que foi para Marraquexe porque andava fraquinho de saúde, coitado Para se entreter, dedicou-se à botânica e fez nascer um jardim cheio cactos, bambus, buganvílias e outras coisas que os meus parcos conhecimentos em jardinagem não conseguem nomear. A verdade é que fez ali uma coisa mesmo, mesmo bonita. Tão bonita que, 20 anos depois de ter morrido e de aquilo ter ficado um bocado ao abandono, o Yves Saint-Laurent resolveu comprar a propriedade, recuperar tudo e dar um nova vida ao jardim. É graças a ele que hoje se pode passear num espaço lindo e super cuidado, apesar de pequeno (dá-se a volta ao jardim em dez minutos). Espreitem a livraria, a loja de produtos marroquinos de muito boa qualidade (e muito caros), a galeria Love (onde estão expostos os postais de boas festas que o Saint-Laurent enviava aos amigos e clientes), tomem um chá na esplanada e deslumbrem-se com as cores (sobretudo o famoso "azul Majorelle"). A entrada custa sete euros. Há um bilhete mais caro que inclui a visita ao antigo atelier do Majorelle e que tem hoje uma pequena colecção de arte islâmica, mas como já chegámos ao fim da tarde e não faltava muito tempo para fechar, optámos por fazer só a visita ao jardim. A hora de fecho é às 17h30, ou seja, noite cerrada no Inverno, por isso tentem ir mais cedo. Os jardins não ficam no centro, por isso apanhem um táxi ou peçam a um guia que vos leve até lá.










2- Praça Jemaa El Fna
É o centro-mais-centro da cidade, o ponto para onde todas as ruas convergem, passagem obrigatória, património da UNESCO. Ali há de tudo, numa espécie de freak-show dos tempos modernos: arrancadores de dentes, macacos amestrados, serpentes com um ar muito pouco encantado, tatuadoras de hena, aguadeiros, cartomantes, homens a tocar tambor, vendedores de tudo e mais alguma coisa. É um caos fascinante e, basicamente, para qualquer lado para onde se virem, para qualquer sítio para onde apontem a máquina, aparecerá alguém a tentar sacar-vos dinheiro. Não vão na cantiga. É na Jemma El Fna que estão as entradas para os souks, por isso não há como não passar por ali. Entrem numa esplanada com terraço para apreciar a vista, ao final do dia é um espectáculo imperdível. Ahhhh, e bebam um sumo de laranja numa das muitas bancas disponíveis. Se forem particularmente nojinhas e não quiserem arriscar beber num copo de vidro, peçam um copo de plástico (eu gosto de viver no limite, por isso bebi num copo de vidro e seja o que Alá quiser).






3- Madraça Ben Youssef
A madraça Ben Youssef é uma escola religiosa, um sítio que albergava estudiosos do Corão. Já não está em funcionamento, por isso é só um conjunto de dezenas de salas e salinhas que vale muito a pena percorrer. Não vão a contar com um monumento imponente, mas vão percorrendo as várias divisões com calma e deixem-se surpreender por alguns detalhes, como a sala de orações, os azulejos ou o tanque da entrada principal. Não me recordo bem, mas penso que a entrada custa 4 euros.





4- Museu da Fotografia de Marraquexe
Não vinha no meu guia, foi uma dica de um amigo fotógrafo. O museué pequeno, mas tem uma bela colecção de fotografias de Marrocos tiradas entre 1870 e 1950. O mais giro/estranho foi perceber que fotos tiradas em Marraquexe no início do século XX não são assim tão diferentes de fotos tiradas em Marraquexe no início do século XXI. Se gostam de fotografia têm mesmo de passar por lá. No final, acabem na esplanada com mega vista sobre a cidade. A entrada são quatro euros.



5- Jardim Secreto
Descobri-o por acaso, também não consta do guia. Ia a passar numa rua quando vi a entrada para uma coisa chamada "Jardim Secreto". Fiquei curiosa, mas como já era tarde voltei no dia seguinte, pela manhã. E foi uma descoberta muito, muito boa. O Jardim Secreto fica dentro de uma das mais antigas riads de Marraquexe e mantém a sua estrutura intacta. Tem mais de 400 anos mas só em 2016 abriu ao público. São dois pequenos jardins com plantas e árvores dos cinco continentes, com fontes pelo meio. Não deixem de subir à torre, o ponto mais alto da cidade que está aberto ao público (o ponto mais alto é a mesquita Koutoubia, mas não é permitida a entrada a não-muçulmanos). A vista de 360 graus é incrível e tive a sorte de ter um funcionário muito porreiro a acompanhar-me que me explicou uma data de coisas. Acabei a visita a beber um chá e a comer uma tarte de limão (ácida como tudo) na esplanada do jardim, e a aproveitar aquele silêncio tão raro na cidade. Um sossego. Podem comprar bilhete só para os jardins ou para os jardins e a torre (sete euros, acho).






6- Palácio Bahia
Ficava a um minuto e meio do meu hotel e acabámos por fazer uma visita guiada. O palácio era a morada de um grão-vizir que tinha uma rica vida: partilhava a modesta casinha com quatro mulheres oficiais, 24 concubinas e os filhos resultantes deste carnaval todo. As mulheres oficiais tinham um quarto pomposo para cada uma e regalias especiais. Já as concubinas estavam numa zona à parte, tinham de partilhar quarto e não podiam pôr um pezinho fora do palácio. Há filhos e enteados, e há esposas e concubinas. A entrada custa um euro.





7- Banhos de Marraquexe
Fartaram-se de me dizer que tinha de ir a um spa ou hammam marroquino, mas só me lembrei disso mesmo no final. Na última noite marquei uma massagem no Banhos de Marraquexe através do site. Como não me responderam em tempo útil, no dia seguinte apresentei-me à hora a que devia ser a massagem. Nada feito, tudo cheio. Vim embora de mãozinhas a abanar e com a recomendação de, para a próxima, marcar com pelo menos três dias de antecedência. Se forem a Marraquexe, sejam mais espertos do que eu. Pedi para fotografar as zonas comuns mas não deixaram. Buuuuuuu! De qualquer forma, só pela entrada achei que aquilo tinha muitooooo bom aspecto. Pelo que vi no site, os preços das massagens são perfeitamente acessíveis.


Estes foram os meus sítios preferidos, haverá outros igualmente imperdíveis. Gostava de ter entrado numa mesquita, mas não é permitido (acabei por visitar uma sinagoga). Mas do que gostei mesmo, mesmo foi de andar nas ruas, nos souks, acho que é a melhor maneira de sentir a cidade. Os mapas não são uma grande ajuda, é difícil orientarmo-nos, porque há muitas ruazinhas que não estão mencionadas e acabamos por virar onde não é suposto. Nos souks há algumas setas que indicam o caminho para a Jemaa El Fna, mas quanto mais entramos mais estreitos e labirínticos os caminhos ficam, é muito fácil perder o rumo e já não conseguir voltar para trás. Perguntem aos locais, é a forma mais eficaz de se orientarem.

Brevemente mais dicas, sobre compras e restaurantes.

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