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Channel: A Pipoca Mais Doce
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É Natal, está a bater aquela saudade

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Não consigo explicar as saudades que sinto dos Natais da minha infância. Cresci nos anos 80, numa típica família de classe média (mais baixa do que alta), não havia a oferta de brinquedos que há hoje, com preços tão competitivos, por isso o Natal era uma altura esperada com muita expectativa. Já sabia que não valia a pena pedir este mundo e o outro, porque os meus pais não me iriam dar, mas gostava muito daquela ansiedade boa de tentar adivinhar o que iria receber, de desejar muito uma coisa, de contar os dias até ao Natal, de ver que o tempo levava uma vida a passar. E então lá chegava a hora, lá abria os presentes, e lá estava alguma coisa com a qual brincaria até à exaustão. Foi assim com os Pinopons, com as Barriguitas, com os Lego, com o Tetris, com as Barbies (as verdadeiras e as genéricas) e com várias outras coisas que marcaram a minha infância. Do que sinto mesmo saudades é disso, de desejar MUITO uma coisa, de esperar por ela durante meses e depois de a receber e aquilo ser uma verdadeira preciosidade durante muito, muito tempo. Feliz ou infelizmente, acho que as coisas hoje dia são muito diferentes. Os brinquedos são muito mais acessíveis, há muito mais por onde escolher, por isso os miúdos vão tendo acesso a eles o ano todo, já não há tanto aquela coisa de esperar pelo Natal. Sendo que depois chega o Natal e recebem tanta coisa que acho que acabam por não vibrar realmente com coisa nenhuma. Não como nós vibrávamos. Tenho tentado contrariar essa tendência com o Mateus, desde que nasceu. Peço sempre
que sejam comedidos no que lhe oferecem, que não o entupam de brinquedos só porque sim, porque quero mesmo que ele perceba que não nos cai tudo do céu e que quando esperamos por alguma coisa nos sabe muito melhor. Acho que este ano vai sentir isso um bocadinho, quando receber o camião da Patrulha Pata com o qual anda a sonhar já há uns meses. Toooooodos os dias fala nisso e toooooodos os dias lhe digo que tem de esperar, para ver se o Pai Natal ouviu os  seus desejos (enquanto aproveito para lhe dizer que, se não se portar bem, não há nada para ninguém). Contrariamente ao que muitos possam pensar, os presentes são a parte menos importante do meu Natal. A família e os amigos são todos corridos com um "não preciso de nada, não quero que gastem dinheiro comigo" porque, a verdade, é que não preciso mesmo de nada. Vou comprando aquilo que quero, quando posso, também tenho a sorte de receber muitas coisas, por isso ligo muito pouco a presentes (excepção feita para livros e para coisas assim mais personalizadas, tipo fotografias). Mas quero que o Mateus viva esse espírito, que aprenda a sonhar e a esperar, sem achar que basta pedir para ter na hora. Claro que também lhe dou coisas espontaneamente, sem ter de esperar pelo Natal ou pelos anos, mas geralmente são coisas pequenas e não muito caras que o deixam imensamente feliz.

Bem, lembrei-me desta coisa da minha infância, do Natal e dos brinquedos porque a Concentra fez 50 anos e fiz uma verdadeira viagem no tempo que me emocionou até aos ossos. De repente, bati com os olhos em brinquedos nos quais já não pensava há muito tempo, tipo os Meccano, o Subbuteo, o Traga Bolas,  O Quem é Quem?, o Game Boy, aquelas Barbie pirosas dos anos 80 que eram a nossa loucura, e tantas, tantas outras coisas.




A sério, como não sentir uma pontada de emoção ao olhar para estas coisas? TODA a gente desejou alguma coisa da Concentra em algum momento da sua infância/juventude, toda a gente se lembra daqueles anúncios a brinquedos que acabavam com uma voz a dizer "da Concentra Mattel" (agora é só Concentra), toda a gente recebeu alguma coisa com a qual sonhou mesmo muito. E isso é tão incrível (juro que estou a ficar com lágrimas nos olhos). 50 anos depois a Concentra continua a acompanhar os desejos das crianças, que agora se modernizaram, claro. Outros tempos. Agora os discos-pedidos passam pelo Panda, pela Patrulha Pata, pelo Noddy, pela Princesa Sofia, as Tartaruga Ninja, o Batman, o Star Wars, a Frozen, as Winx, e tantos, tantos outros que fazem os nossos miúdos felizes (enquanto nós pensamos "no meu tempo é que era"). 



Enfim, é bastante provável que esteja a ficar uma saudosista. Ou então é só da época. Ou de estar a ficar velha. Mas que bateu uma saudade... bateu.


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