A propósito de um post qualquer, já nem me lembro qual, deixou-me uma anónima o seguinte comentário:
"Pirosa, só publicas o que queres. O blog é teu, mas quem o lê pensa que toda a gente gosta de tudo. Publica isto se tens coragem. PIROSA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!"
Bom, em primeiro lugar penso que vale a pena falar um bocadinho sobre o bullying de que os bloggers são alvo. Como imaginam, ao longo de doze anos já li de tudo. Já me chamaram vaca, mulher de má vida (ou mesmo puta), nojenta, verme. Já me acusaram de ter casado por interesse (antes fosse, filhos), de ter amantes vários, de ter subido na vida pela via horizontal. Já me criticaram os joelhos tortos, os braços magros (ou gordos, varia muito de pessoa para pessoa), as costas curvadas, o nariz grande, os lábios com botox (???), as ancas largas, o rabo gordo, os tornozelos inchados, o cabelo feio, o tamanho da cabeça e o formato das unhas. Já me desejaram cancro, já expressaram a vontade de me ver atropelada na A1 (mais ou menos ali entre Aveiro e a Mealhada), já rezaram para que toda a minha família padecesse de ébola, ou zika ou qualquer merda assim exótica. E tudo bem. Eu aturo tudo e percebo, porque uma pessoa que escreve com sarcasmo e goza com os vestidos dos outros merece tudo isso e muito mais. Estou praticamente ao nível de um terrorista do estado islâmico, estou a pedi-las. Mas há limites. Sou uma pessoa humana, como diria qualquer concorrente da Casa dos Segredos. Tenho sentimentos. Há coisas que me custam. E chamarem-me "pirosa" penso que já merece que eu avance para outro tipo de medidas. Puta, está bem, família dizimada com ébola, certo, mas pirosa calma lá aí com os cavalos.
A anónima tinha razão no seu comentário. Não na parte do pirosa (pffffffff), mas por ter falado em coragem. Não gosto de falar das minhas fraquezas, não sou dessas, mas as pessoas têm de saber como as coisas são e aquilo por que nós passamos. E a verdade é que andei quatro dias a calmantes, com os nervos esfrangalhados, consumida pela vergonha de alguém me achar pirosa. Por menos do que isto já várias pessoas sucumbiram a uma vida de drogas e álcool. Mas recompus-me, engoli o orgulho, ganhei a tal coragem que me foi exigida e publiquei o comentário. Pronto, já está, para o mundo inteiro ver. Estou de rastos, mas vou tentar voltar a ganhar amor pela vida. Isto há gente que só está bem a fazer mal aos outros, como é que isto há-de ir para a frente com gente a agredir-se a este nível? A sério, "pirosa" está para lá de tudo o que é aceitável, ainda estou em choque. E tendo em conta a maturidade e pertinência do comentário anónimo, vou responder de várias formas igualmente adultas. Chapada de luva branca, assistam:
- Quem diz é quem é.
- O ar é de todos.
- O meu pai é polícia e vai prender o teu.
- Cheiras a cocó.
- Não mandas em mim.
- Chamaste-me pirosa? Pffff, não doeu. Chama lá outra vez. Olha, não doeu outra vez. Chama lá com mais força. Não doeu.
- Um, dois, três, macaquinho do chinês.
- Duh.
- Sou mesmo pirosa. Só que não.
- Se eu sou pirosa tu és estupidona.
- Não brincas mais comigo e passa para cá a Barbie Penteados.
- Oh minha puta, o blog é meu e, bingo!, só publico o que quero.
E agora aguarda pela cartinha do meu advogado, que isto não vai ficar em águas de bacalhau.
