Não havia grandes expectativas nem grandes planos para o primeiro dia de escola. Basicamente, a ideia era ir vendo como é que ele se adaptava. Quando o deixámos foi a loucura. De tão excitado e entretido com os brinquedos e com os outros miúdos, não quis saber de nós para nada. Não adiantou dizer que íamos embora, não adiantou pedir beijinhos e abraços. Ignorou-nos à grande. A educadora disse que era melhor assim, que saíssemos sem ele dar conta, e foi o que fizemos. Fui tratar da minha vidinha, para me distrair, e fiquei de ligar uma ou duas horas depois, para saber que tal estava a correr. Não foi preciso, ligaram-me antes. O Mateus estava assim-assim. Tanto estava muito distraído a brincar, como se lembrava dos pais e largava num pranto. Tudo normal. O mais chato mesmo era ter recusado almoçar, não lhe passou nada pela goela. Não sei se é por estar habituado a almoçar mais tarde ou se foi mesmo por estranhar aquilo tudo. Sítio novo, pessoas novas, horários novos, regras novas. Fui buscá-lo. Encontrei-o ao colo da educadora, agarrado ao Panda que levou de casa (achei que era bom levar-lhe qualquer coisa que o ligasse a nós). Assim que me viu passaram-lhe todas as dores de alma, mas também não me ligou nada. Passou por mim a correr e foi logo brincar com os outros miúdos. Toda uma alegria. Sacaninha manipulador. Enfim, passou duas horas na escola, não foi mau. Tenho a certeza que isto vai ser sempre a melhorar. Amanhã vou tentar que almoce lá, vamos ver que tal corre. Quanto a mim, sempre imaginei este dia com muitas e muitas lágrimas, mas portei-me lindamente. Vê-lo tão feliz na escola deixou-me mais tranquila. Claro que quando me ligaram a dizer que ele não quis comer e que estava choroso fiquei com o coração apertado, mas faz parte. Pior vai ser quando o for deixar e ele se começar a agarrar às minhas pernas, aí é que vai ser bonito...
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