Prooooooonto! Bastou eu dizer que agora tenho lido menos para vir logo meia dúzia de justiceiros a querer repor a verdade e a alvitrar um " eu avisei-te que a maternidade não deixa tempo para nada", quase ali com uma certa alegria vingativa na voz, um "toma lá que agora é que vais ver como elas mordem, a tua vida a-c-a-b-o-u!!". A malta adora dizer "eu avisei-te", não adora? Tudo porque um dia eu ousei dizer que a maternidade não significa o fim da vida. A verdade é que a maternidade deixa tempo para outas coisas que não biberões, chuchas, fraldas e cocós. Deixa, meus amigos, deixa. É tudo uma questão de organização e de prioridades. O único motivo pelo qual agora leio menos é, como disse, por não poder ter luzes acesas no quarto para não perturbar o sono angelical de pequeno Mateus, porque se acorda é como se o demónio baixasse nele. Ora é à noite, antes de dormir, que eu mais gosto de ler. Isso e nos transportes. Durante o dia a criança dorme longas sestas, por isso teria tempo de sobra para ler, mas lá está, não gosto de ler durante o dia, no sofá, por isso prefiro ver filmes, séries ou aproveitar para trabalhar. Não estou de volta do miúdo 24 horas por dia, nesta fase ele ainda permite ter muito tempo livre. Também ajuda ele ser um puto relativamente tranquilo e dividir todas as tarefas com o meu homem. Imagino que a realidade mude de caso para caso, e calculo também que vá ser diferente daqui a uns tempos, mas para já vivemos na paz do Senhor. Quanto a ler no iPad, sim, eu sei que é possível, obrigadinha pelo esclarecimento, mas não só prefiro mil vezes ler em papel como a disponibilidade de e-books não é assim tanta. Por exemplo, agora estou a ler o primeiro livro do Saramago e não encontrei nenhuma versão online. Posto isto, mantenho a minha teoria de que a maternidade não representa o fim de tudo aquilo que gostamos de fazer. No nosso caso, a única coisa que ainda não fizemos foi ir jantar sem levar o miúdo, ou ir ao cinema, porque isso implica ter de o deixar com alguém à noite e é nessa altura que ele dá mais trabalho. Já ficou com os avós algumas horas, durante o dia, mas regra geral anda sempre connosco para todo o lado. Vai de fim-de-semana, vai passear, não há stress. E quando um quer ir fazer alguma coisa, o outro fica em casa e segura as pontas. Em dois meses já consegui fazer todas aquelas coisas que me disseram ser impossíveis, tipo cabeleireiro, depilação ou ir tomar um café com as amigas. E ainda arranjo tempo para trabalhar um bocadinho todos os dias. Para mim a maternidade só faz sentido assim, se não nos anularmos a todos os níveis. Claro que a vida não é igual ao que era ( é melhor), mas adaptamo-nos e tentamos ajustar-nos. O tempo com o Mateus é a prioridade e não há nada que se compare àqueles momentos em que o enfio na minha cama e fico ali a estrafegá-lo até à exaustão (o miúdo já não me deve poder ver), mas convenhamos, estar o dia TODO de roda de uma criança também dá cabo dos nervos a um santo. Enfim. Quanto às leituras, quando o Mateus se mudar para o quarto dele daqui a uns meses e eu já puder dar uso a todas as luzes da casa, pode ser que volte ao ritmo normal. Até lá, vejo a novela no iPad, que também é bem bom (para quem perguntou, vejo os episódios no YouTube ou no DailyMotion).
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